Já muito doente, num quarto de hospital meu avó gemia, talvez a dor estava insuportável.
Meu avó foi um homem bom, de poucas palavras!
Ele ensinou a bondade da maneira mais linda aos seus filhos, meu pai e meu tio.
Sinto, pois não dediquei a ele meus melhores momentos... era muito nova quando ele se foi, e não sabia dar valor aos pequenos gestos.
Quando adoeceu, sua nora (minha mãe) dedicou a ele toda atenção que podia.
No hospital era ela quem dormia ao seu lado, acalmava seus prantos e sua dor. Todo dia quando caia a noite ele cuidadosamente pedia para que ela permitisse que ele fosse para seu cantinho. Minha mãe por sua vez temia que permitindo ele criasse forças para sair do hospital e criasse confusão:
- "Melhor não Seu Manoel!!! Vamos esperar mais um pouco, o senhor irá melhorar e voltaremos para casa."- Dizia sempre paciente.
Por vários dias essa cena se repetiu.
Num dia, enquanto foi pra casa pra descansar um pouco, minha mãe comentou com minha avó sobre esse pedido de meu avó:
- "Mamãe, esse pedido corta meu coração toda noite, fico num canto chorando enquanto ele dorme."
- "Por que você não tenta deixá-lo ir?"
- "Tenho medo que ele queira vir pra casa...ele irá criar confusão no hospital."
- "Eu te conselho a deixar. Se caso ele se alterar você chama os enfermeiros pra te ajudar."
Minha mãe muito pensou naquilo.
No dia seguinte, meu avó tornou a fazer o pedido:
- "Norinha, posso ir pra casa??? Posso ir pro meu cantinho???"
- "É isso mesmo que o senhor quer???"
- "Sim!"
- "Então pode ir... vá com Deus....vá em paz Seu Manoel!!!"
- "Fale ao meus filhos que eu amo muito eles...e fale ao Julião cuidar especialmente do Misak."
- "Sim, eu digo!"
Naquela madrugada meu avó faleceu.
Um comentário:
Nossa que triste!! =/
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